Se temos como objetivo o desenvolvimento integral
dos alunos numa realidade plural, é necessário que passemos a considerar as questões
e problemas enfrentados pelos homens e mulheres de nosso tempo como objeto de
conhecimento. (ARROYO, 1994, p.31).
Na
segunda-feira, 03/04/2017, iniciamos a retomada dos Projetos de Aprendizagem,
elaborados em 2016/2, articulando com a teoria e passaremos a analisar a organização de um Projeto de Aprendizagem
e as diferenças entre Projeto de
Aprendizagem, de Ensino e de Ação, como segue:
A
Interdisciplina Seminário Integrador – IV (2017/2) nos proporcionou buscar
relações entre a investigação e a aprendizagem. Com a metodologia de trabalhar
através de Projetos de Aprendizagem
ficou evidenciado que o ponto de partida é a pergunta, a qual parte do
interesse do aluno. Assim, ficou manifesto
que esse tipo de atividade exige mudanças na organização curricular desafiando
conhecimentos já construídos, proporcionando espaços onde o aluno passa a ser
sujeito, com capacidade de intervir nas transformações sociais e no contexto em
que vive.
Então, para o desenvolvimento de um PA, faz-se
necessário, em primeiro lugar fazer uma retrospectiva para que as fases que o
compõem sejam respeitadas: Fase I – Formação de Equipes de Projeto (Levantar as Questões, Formar Equipes (levantar a questão de investigação);Combinar nas Equipes
(definir a questão de investigação)); Fase II: Inventário do
Conhecimento Prévio (Relacionar as certezas e as dúvidas, Certezas
Provisórias; Dúvidas Temporárias; Elaborar e publicar um mapa conceitual
inicial); Fase III: Plano de Ação (Elaborar um plano de ação,
organizando um quadro com a programação das atividades de "esclarecimento
das dúvidas" e "validação ou refutação das certezas"); Fase
IV: Desenvolvimento do Projeto (Desenvolver ações para esclarecimento
de dúvidas e validação/refutação das certezas; Elaborar um texto apresentando
um resumo dos estudos e apresentando respostas para a questão de investigação; Apresentar
os Projetos); Fase V: Revisão do Projeto (Avaliação dos comentários e
sugestões propostos, buscando aprender com a contribuição dos colegas,
ajustando e/ou aprofundando os aspectos indicados pelos revisores).
É de destacar as aprendizagens que ocorreram por conta da
investigação e pesquisa durante o processo de construção de Projetos de Aprendizagem, abordado como
forma de romper com a prática tradicional de trabalho pedagógico em sala de
aula, onde o professor determina e transmite conteúdos e não possibilita ao
aluno participar ativamente da construção do seu conhecimento.
No vídeo - Importância de Educar pela Pesquisa, Demo
(2005) afirma que a pesquisa é uma bela maneira de formar, de educar.
Um aspecto fundamental que deu início à construção do PA foi
a valorização da curiosidade do aluno, incentivando as descobertas através da
pesquisa e tornando a aprendizagem significativa, pois parte dos interesses e
desejos do aluno e há a possibilidade de construções individuais e coletivas do
conhecimento. O aprender a aprender coloca o professor e o aluno
como agentes de investigação, para tanto, superam as perguntas com respostas
prontas e sugerem a proposição de problematizações para as quais é preciso
buscar as possíveis respostas (BEHRENS, 2005).
Houve a
compreensão de que, nos Projetos de
Aprendizagem, o planejamento é realizado pelos alunos conjuntamente com o
professor, ele é mais flexível do que Projetos de Ensino; parte da necessidade
dos sujeitos participantes; o professor é o mediador/orientador; a
avaliação do processo de aprendizagem é feita de maneira colaborativa, em que o
sujeito deve se autocriticar, refletindo sobre a aprendizagem; sua organização
é baseada em questões/perguntas/situações-problema e o aluno é participativo e,
também, é quem define o problema, buscando soluções e criando mais questões,
construindo e reconstruindo; o aluno é
aluno-pesquisador e a base teórica do Projeto de Aprendizagem é construtivista.
Por
outro lado, os Projetos de Ensino
apresentam planejamento, metodologia e currículo formulado por uma proposta
pedagógica vinda do docente; é baseado na interpretação do que o
docente/instituição acredita ser a necessidade do aluno; parte da
necessidade/interesse dos conteúdos descritos no currículo; o professor é
o direcionador/transmissor; para avaliação importa o resultado: o
conceito/nota, não necessariamente a aprendizagem; sua organização é
baseada em uma temática/tema-base geral para todos; o aluno é
aluno-receptor/paciente aquele que recebe os conhecimentos numa situação de
passividade e a base teórica é empirista.
Ainda sobre projetos, entende-se
os Projetos de Ação como
aqueles que contribuem de forma multidisciplinar, na prática pedagógica, pois
determinam que haja um ensino feito coletivamente através de ações ativas e
eficazes, capazes de melhorar a qualidade da aprendizagem.
Portanto, o trabalho através de Projetos de Aprendizagens e as experiências
advindas dele contribuíram para que, de forma colaborativa, (re)significássemos
nossas práticas pedagógicas.
Hernandez (1998) nos propõe uma quebra de
paradigmas ao sugerir que para haver mudança na educação tem de haver
transgressão. Transgressão essa que implica em mudanças na forma de pensar a
educação.
Iniciamos na Interdisciplina Projeto Pedagógico em Ação novos estudos teóricos
que, obviamente, propiciarão aprendizagens de aprofundamento aos Projetos de
Aprendizagem, de forma coletiva e colaborativa. No momento, a proposta da
interdisciplina nos coloca em “xeque”, ou seja, fomos convocadas a mediar e
descrever um PA com nossos alunos, mudando de posição discente para docente a
partir de nossas experiências como alunas do PEAD. Assim, as aprendizagens já
construídas pelos grupos nos Projetos de Aprendizagem, em semestres anteriores,
serão de grande valia para esse processo que se inicia, fazendo com que os Projetos de Aprendizagem ganhem um
sentido prático, aplicados às turmas e escolas onde atuamos enquanto docentes,
buscando, sempre, a autonomia do aluno.
Para
Piaget (s/a), um dos principais objetivos da educação é a busca constante da construção
da autonomia. Ele afirma que:
Autonomia é a capacidade de tomar decisões em dois campos. No
campo moral, refere-se a decidir entre o que é certo e errado. No campo
intelectual, é decidir o que é verdadeiro e o que não é verdadeiro, levando em
consideração fatos relevantes, independentemente de recompensa e punição. (Jean Piaget, s/a. s/d)
Logo,
as experiências escolares devem ser estruturadas na colaboração, cooperação e
intercâmbio de pontos de vista, na caminhada conjunta para o conhecimento.
Referências:
ARROYO, M. Escola Plural. Proposta
pedagógica Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMED, 1994.
BEHRENS,
M. A. O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica.
Petrópolis: Vozes, 2005.
DEMO,
Pedro. Educar pela Pesquisa.
Campinas/SP: Autores Associados, 2005.
HERNÁNDEZ,
Fernando. Transgressão e mudança na
educação. Ed. Artmed. 1998. Capítulo 1: Um mapa para iniciar um percurso.
YOUTUBE. Vídeo. Autonomia para
Piaget. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=qxzoPzR5wVI>
Acesso em 03 de abr. 2017.
ZABALA, A. Enfoque globalizador e
pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2002.
Caras alunas, como comentamos, anteriormente, os projetos de aprendizagens surgem de dúvidas e questionamentos dos alunos, o professor, serve como mediador, instigador, n é flexível, podendo no decorrer de sua aplicação, acontecer mudanças, visto que surgem outras dúvidas e questionamentos.
ResponderExcluirAbraços