sexta-feira, 7 de abril de 2017

Mára - Meta 1: A organização de um Projeto de Aprendizagem e as diferenças entre Projeto de Aprendizagem, de Ensino e de Ação - Semana 2



Se temos como objetivo o desenvolvimento integral dos alunos numa realidade plural, é necessário que passemos a considerar as questões e problemas enfrentados pelos homens e mulheres de nosso tempo como objeto de conhecimento. (ARROYO, 1994, p.31).

Na segunda-feira, 03/04/2017, iniciamos a retomada dos Projetos de Aprendizagem, elaborados em 2016/2, articulando com a teoria e passaremos a analisar a organização de um Projeto de Aprendizagem e as diferenças entre Projeto de Aprendizagem, de Ensino e de Ação, como segue:
A Interdisciplina Seminário Integrador – IV (2017/2) nos proporcionou buscar relações entre a investigação e a aprendizagem. Com a metodologia de trabalhar através de Projetos de Aprendizagem ficou evidenciado que o ponto de partida é a pergunta, a qual parte do interesse do aluno. Assim, ficou manifesto que esse tipo de atividade exige mudanças na organização curricular desafiando conhecimentos já construídos, proporcionando espaços onde o aluno passa a ser sujeito, com capacidade de intervir nas transformações sociais e no contexto em que vive.
Então, para o desenvolvimento de um PA, faz-se necessário, em primeiro lugar fazer uma retrospectiva para que as fases que o compõem sejam respeitadas: Fase I – Formação de Equipes de Projeto (Levantar as Questões, Formar Equipes (levantar a questão de investigação);Combinar nas Equipes (definir a questão de investigação)); Fase II:  Inventário do Conhecimento Prévio (Relacionar as certezas e as dúvidas, Certezas Provisórias; Dúvidas Temporárias; Elaborar e publicar um mapa conceitual inicial); Fase III: Plano de Ação (Elaborar um plano de ação, organizando um quadro com a programação das atividades de "esclarecimento das dúvidas" e "validação ou refutação das certezas"); Fase IV:  Desenvolvimento do Projeto (Desenvolver ações para esclarecimento de dúvidas e validação/refutação das certezas; Elaborar um texto apresentando um resumo dos estudos e apresentando respostas para a questão de investigação; Apresentar os Projetos); Fase V: Revisão do Projeto (Avaliação dos comentários e sugestões propostos, buscando aprender com a contribuição dos colegas, ajustando e/ou aprofundando os aspectos indicados pelos revisores).
É de destacar as aprendizagens que ocorreram por conta da investigação e pesquisa durante o processo de construção de Projetos de Aprendizagem, abordado como forma de romper com a prática tradicional de trabalho pedagógico em sala de aula, onde o professor determina e transmite conteúdos e não possibilita ao aluno participar ativamente da construção do seu conhecimento.
No vídeo - Importância de Educar pela Pesquisa, Demo (2005) afirma que a pesquisa é uma bela maneira de formar, de educar.
Um aspecto fundamental que deu início à construção do PA foi a valorização da curiosidade do aluno, incentivando as descobertas através da pesquisa e tornando a aprendizagem significativa, pois parte dos interesses e desejos do aluno e há a possibilidade de construções individuais e coletivas do conhecimento. O aprender a aprender coloca o professor e o aluno como agentes de investigação, para tanto, superam as perguntas com respostas prontas e sugerem a proposição de problematizações para as quais é preciso buscar as possíveis respostas (BEHRENS, 2005).
Houve a compreensão de que, nos Projetos de Aprendizagem, o planejamento é realizado pelos alunos conjuntamente com o professor, ele é mais flexível do que Projetos de Ensino; parte da necessidade dos sujeitos participantes; o professor é o mediador/orientador; a avaliação do processo de aprendizagem é feita de maneira colaborativa, em que o sujeito deve se autocriticar, refletindo sobre a aprendizagem; sua organização é baseada em questões/perguntas/situações-problema e o aluno é participativo e, também, é quem define o problema, buscando soluções e criando mais questões, construindo  e reconstruindo; o aluno é aluno-pesquisador e a base teórica do Projeto de Aprendizagem é construtivista.
            Por outro lado, os Projetos de Ensino apresentam planejamento, metodologia e currículo formulado por uma proposta pedagógica vinda do docente; é baseado na interpretação do que o docente/instituição acredita ser a necessidade do aluno; parte da necessidade/interesse dos conteúdos descritos no currículo; o professor é o direcionador/transmissor; para avaliação importa o resultado: o conceito/nota, não necessariamente a aprendizagem; sua organização é baseada em uma temática/tema-base geral para todos; o aluno é aluno-receptor/paciente aquele que recebe os conhecimentos numa situação de passividade e a base teórica é empirista.
Ainda sobre projetos, entende-se os Projetos de Ação como aqueles que contribuem de forma multidisciplinar, na prática pedagógica, pois determinam que haja um ensino feito coletivamente através de ações ativas e eficazes, capazes de melhorar a qualidade da aprendizagem.
Portanto, o trabalho através de Projetos de Aprendizagens e as experiências advindas dele contribuíram para que, de forma colaborativa, (re)significássemos nossas práticas pedagógicas.
Hernandez (1998) nos propõe uma quebra de paradigmas ao sugerir que para haver mudança na educação tem de haver transgressão. Transgressão essa que implica em mudanças na forma de pensar a educação.
Iniciamos na Interdisciplina Projeto Pedagógico em Ação novos estudos teóricos que, obviamente, propiciarão aprendizagens de aprofundamento aos Projetos de Aprendizagem, de forma coletiva e colaborativa. No momento, a proposta da interdisciplina nos coloca em “xeque”, ou seja, fomos convocadas a mediar e descrever um PA com nossos alunos, mudando de posição discente para docente a partir de nossas experiências como alunas do PEAD. Assim, as aprendizagens já construídas pelos grupos nos Projetos de Aprendizagem, em semestres anteriores, serão de grande valia para esse processo que se inicia, fazendo com que os Projetos de Aprendizagem ganhem um sentido prático, aplicados às turmas e escolas onde atuamos enquanto docentes, buscando, sempre, a autonomia do aluno.
Para Piaget (s/a), um dos principais objetivos da educação é a busca constante da construção da autonomia.  Ele afirma que:

Autonomia é a capacidade de tomar decisões em dois campos. No campo moral, refere-se a decidir entre o que é certo e errado. No campo intelectual, é decidir o que é verdadeiro e o que não é verdadeiro, levando em consideração fatos relevantes, independentemente de recompensa e punição. (Jean Piaget, s/a. s/d)

Logo, as experiências escolares devem ser estruturadas na colaboração, cooperação e intercâmbio de pontos de vista, na caminhada conjunta para o conhecimento.


Referências:

ARROYO, M. Escola Plural. Proposta pedagógica Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMED, 1994.

BEHRENS, M. A. O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2005.

DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. Campinas/SP: Autores Associados, 2005.

HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação. Ed. Artmed. 1998. Capítulo 1: Um mapa para iniciar um percurso.

YOUTUBE. Vídeo. Autonomia para Piaget. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=qxzoPzR5wVI> Acesso em 03 de abr. 2017.

ZABALA, A. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

Um comentário:

  1. Caras alunas, como comentamos, anteriormente, os projetos de aprendizagens surgem de dúvidas e questionamentos dos alunos, o professor, serve como mediador, instigador, n é flexível, podendo no decorrer de sua aplicação, acontecer mudanças, visto que surgem outras dúvidas e questionamentos.
    Abraços

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