quinta-feira, 5 de abril de 2018

Unidade 2-Parte 1-Práticas pedagógicas e concepções epistemológicas: alfabetização e letramento, no contexto da educação popular



EDUAD086 - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

Polo: Porto Alegre         Turma: D 

Grupo: Eliane Toniolo, Mára Moura, Michelle Toniolo
Região: Metropolitana de Porto Alegre


Eliane Toniolo: 
06/04/2018: 
O conceito de analfabeto dá, muitas vezes, uma cobertura ideológica para que os grupos poderosos simplesmente silenciem os pobres e os grupos menores como negros e pardos. No mundo atual, carecer de leitura e escrita, realmente deixa o cidadão incapacitado de se inserir na sociedade, votar e, até mesmo, compreender candidatos, além de seus direitos e deveres ficarem comprometidos.

07/04/2018: 
Quanto ao diálogo, ficou claro que é ele que impulsiona o pensar crítico-problematizador em relação à condição humana no mundo.  
Segundo Freire (1993, p. 77 apud ALFERES), palavra assume o sentido de dizer o mundo e jazer o mundo. Ou seja, palavra verdadeira é práxis social comprometida com o processo de humanização, em que ação e reflexão estão dialeticamente constituídas:

ação e reflexão, de tal forma solidárias, em um interação tão radical que, sacrificada, ainda que em parte, uma delas, se ressente, imediatamente, a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí que dizer a palavra verdadeira seja transformar o mundo. (p, 77)


08/04/2018: 

Referências:

ALFERES, Márcia Aparecida. Alfabetização e Letramento: tecendo relações com o pensamento de Paulo Freire. Disponível em:


Mára Moura:
06/04/2018: 
Alfabetização numa perspectiva funcional, segundo Giroux (in FREIRE, 1990) é “ ligada a interesses econômicos concebidos de maneira acanhada, ou a uma ideologia destinada a iniciar os pobres, os desprivilegiados e as minorias na lógica de uma tradição cultural unitária e dominante”. Assim, para a alfabetização, haveria a necessidade de formar mais trabalhadores para ocupações que exigem leitura "funcional" e habilidade para escrever, servindo aos interesses políticos conservadores e, consequentemente, à cultura dominante, a qual determinaria o que deve ser valorizado como história, competência linguística, experiência de vida e padrões de vida em sociedade, e essa seria uma prática alienante e universalizante.

07/04/2018: 
Segundo Borges (in STRECK, REDIN, ZITKOSKI, 2016, p. 34):

Sem sombra de dúvida, as intervenções de Freire passam a demarcar, criticamente, sua concepção de alfabetização-educação, ou seja, de que há duas possibilidades de fazer pedagogia: uma, a partir de uma prática alienante e universalizante; outra, a partir de uma prática libertadora e dialógica, pois não há neutralidade em alfabetização-educação.

Ainda, conforme apontamentos de Borges (in STRECK, REDIN, ZITKOSKI, 2016, p. 35):
Aprender a ler e escrever, mesmo que seja um desejo individual legítimo (para melhorar de vida) e uma necessidade imposta socialmente, não pode esgotar-se nesses dois aspectos, ao contrário, a alfabetização precisa ser compreendida como um conhecimento ampliador, pois alfabetizar-se "é participar, junto com outras pessoas, de um universo ampliado da própria curiosidade humana. Essa matriz da consciência, junto com o conhecimento e o sofrimento" (BRANDÃO, 2006, p.441).

08/04/2018: 
Para Freire (1985), o processo de alfabetização caracteriza-se no interior de um projeto político que deve garantir o direito a cada educando de afirmar sua própria voz, pois, segundo o autor, “a alfabetização não é um jogo de palavras; é a consciência reflexiva da cultura, a reconstrução crítica do mundo humano, a abertura de novos caminhos (...) A alfabetização, portanto, é toda a pedagogia: aprender a ler é aprender a dizer a sua palavra” (FREIRE, 1985, p. 14 apud ALFERES, s/d, p. 2).
Ainda sobre alfabetização, Alferes (s/d) afirma que:

Atualmente, para que possamos nos considerar alfabetizados, não basta saber ler e escrever, ou seja, a ideia de alfabetização vai muito além do domínio do alfabeto. Na perspectiva de Freire (1999a) a educação que visa alfabetizar de fato, tem que ser também uma educação problematizadora, que serve à libertação, realizando a superação da contradição entre educador-educandos. Afirma a dialogicidade e se faz dialógica, buscando a negação do homem enquanto ser abstrato, isolado, solto, desligado do mundo. (p. 5)

Referências:

ALFERES, Márcia Aparecida. Alfabetização e Letramento: tecendo relações com o pensamento de Paulo Freire. Disponível em:

BORGES, Liana da Silva. Alfabetização. In STRECK, Danilo R; REDIN, Euclides, ZITKOSKI, Jaime José. Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica Editora. 2016. 3a edição. Disponível em:

GIROUX, H. A. Alfabetização e a pedagogia do empowerment político. In: FREIRE, P.; MACEDO, D. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. Disponível em:


Michelle Toniolo:
06/04/2018: 
Sobre o analfabetismo, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), O Brasil tem 11,8 milhões de analfabetos, ou seja, pessoas que não sabem ler e escrever um bilhete simples.
Conforme Giroux (s/d, p. 2), “o analfabetismo não é meramente a incapacidade de ler e escrever; é também um indicador cultural para nomear formas de diferença dentro da lógica da teoria da privação cultural”. Realmente, quando nos deparamos com o conceito de analfabetismo, somos remetidos a algo além da incapacidade de ler e escrever, pois existe uma perda de uma vantagem social e cultural.
A privação cultural reduz as possibilidades econômicas e sociais do adulto. Portanto, o analfabetismo traz privações de longa distância e principalmente a perda de bens culturais. A condição da pessoa analfabeta acabou transformando-se num estigma negativo e excludente.
É difícil conceber essa realidade tão presente no Brasil, quando pesquisamos e nos deparamos com as estatísticas, não imaginamos o alcance do analfabetismo e suas privações. Aqui no Rio Grande do Sul, raramente encontramos um jovem que não saiba ler ou escrever um bilhete simples, geralmente são pessoas idosas que não tiveram acesso à escola no interior de onde moravam.

07/04/2018: 
Sobre conscientização, Freire (1985, apud ALFERES) aborda que “a alfabetização não é um jogo de palavras; é a consciência reflexiva da cultura, a reconstrução crítica do mundo humano, a abertura de novos caminhos (...)”.
A alfabetização numa perspectiva crítica pretende proporcionar o amadurecimento da consciência, problematizar os conflitos e as diferenças de classes existentes na sociedade. Um educando que possui a consciência crítica irá refletir, meditar e se tornar uma pessoa capaz.
Na perspectiva de Freire (1999ª, apud ALFERES) a “educação que visa alfabetizar de fato, tem que ser também uma educação problematizadora, que serve à libertação, realizando a superação da contradição entre educador-educandos”. Nesse aspecto, a tomada de consciência de que alfabetização vai muito além de se aprender o alfabeto é primordial.
É imprescindível refletir nos nossos métodos enquanto educadores, e o papel da alfabetização em nossas práticas docentes.

08/04/2018: 
Referências:

ALFERES, Márcia Aparecida. Alfabetização e Letramento: tecendo relações com o pensamento de Paulo Freire. Disponível em:

GIROUX, H. A. Alfabetização e a pedagogia do empowerment político. In: FREIRE, P.; MACEDO, D. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. Disponível em:

https://moodle.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=1465869 Acesso em 6 de abr. 2018.

SITE Valor econômico. IBGE: Brasil tem 11,8 milhões de analfabetos; metade está no Nordeste. Publicado em 21/12/2017. Disponível em:
<http://www.valor.com.br/brasil/5234641/ibge-brasil-tem-118-milhoes-de-analfabetos-metade-esta-no-nordeste> Acesso em 6 abr.2018.